Seis Sigma
BOLETÂNEA DI nTIGDO
Volume I
Darly Fernando Andrade
(organizador)
Seis Sigma Coletânea de Artigos
Volume |
12 Edição
Belo Horizonte Poisson
2017
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) M345 Seis Sigma Coletânea de Artigos volume 1/ Organizador Darly Fernando Andrade - Belo Horizonte (MG : Poisson, 2017 217 p.
Formato: PDF ISBN: 978-85-93729-06-5 DOI: 10.5935/978-85-93729-06-5.2017B001
Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia
1. Gestão. 2. Metodologia. I. Andrade, Darly Fernando. II. Título
CDD-658.8
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Apresentação
Criada na década de 1980, a metodologia Seis Sigma se mostrou vencedora ao longo dos anos não só no exterior como no Brasil. A possibilidade de aumentar as margens de lucro através da redução de variabilidade nos processos bem como aplicabilidade em empresas de todos os portes, torna essa fascinante metodologia importante para as organizações.
Com uma abordagem bem objetiva, o livro se mostra relevante para estudantes de graduação, pós-graduação e profissionais atuantes no mercado. Não se poderia deixar de indicar também essa publicação para professores, com o qual podem ilustrar temáticas e metodologias diversas tendo como embasamento situações brasileiras reais. A regionalização das situações apresentadas nos capítulos se mostra altamente relevante para que o leitor consiga incorporar conhecimentos adaptados à sua realidade.
Essa oportunidade de leitura é fruto de esforços científicos de diversos autores, devidamente referenciados ao final dessa publicação. Aos autores e aos leitores, agradeço imensamente pela cordial parceria.
Dib Lirerda Entenda
Sumário
Seis Sigma no Brasil: Uma Revisão Bibliométrica da Literatura
Identificação de variáveis críticas utilizadas em processos de seleção de projetos Seis Sigma: uma pesquisa survey
Estudo de caso em seleção de projetos Seis Sigma
Uma pesquisa survey piloto para ampliar o entendimento sobre seleção de projetos Seis Sigma
Gestão de projetos através do DMAIC
Seis Sigma e sua aplicabilidade como ferramenta de qualidade em processos industriais
Análise da capacidade sigma para atributos: estudo de caso em uma
siderúrgica multinacional
Indicadores de capacidade sigma de processos e melhoria de desempenho: estudo de caso em serviços ao cliente
Seis Sigma aplicado em um processo de fabricação de caixas freezer para
refrigeradores domésticos
Implantação da metodologia Seis Sigma: uma pesquisa exploratória em uma empresa hospitalar
Análise dos efeitos quanto à implantação de uma metodologia para redução de interrupções permanentes em redes de distribuição de energia elétrica causadas por falhas desconhecidas através de equipamentos
A aplicação de Seis Sigma nas operações de transporte rodoviário de carga geral fracionada
Uso da metodologia DMAIC para análise dos reparos atrasados em uma empresa de telefonia
Implantaçao da metodologia DMAIC em uma indústria de corte e dobra de aço para a construção civil: um estudo de caso
Metodologia Seis Sigma: aumento da qualidade aplicada a uma empresa de tecnologia
O uso da ferramenta FMEA em um projeto Seis Sigma: fatores de decisão
Aplicação do Lean Six Sigma: estudo de caso na empresa XYZ
Metodologia Seis Sigma aplicada na qualidade do serviço hospitalar — estudo de caso: análise dos processos da lavanderia do hospital Samaritano de Sorocaba/SP
Autores
IE
118 128 137
52
163 RGE
188 200
CAPÍTULO 1
SEIS SIGMA NO BRASIL: UMA REVISÃO BIBLIOMÉTRICA DA LITERATURA
Rosane Malacarne Larissa Barbosa Taquetti Lucas Machado
Marcelo Gechele Cleto Robson Seleme
Resumo: A metodologia Seis Sigma foi originada na empresa Motorola na década de 80 com o intuito de fabricar produtos com qualidade superior e preços menores que os de seus concorrentes. No Brasil, o programa teve início na década de 90 com a inserção do método nos processos do grupo Brasmotor. Como a utilização do Seis Sigma no Brasil é relativamente recente, identificar a evolução da produção científica em determinado período contribui para a continuidade e investigação dos estudos nesta área do conhecimento. Portanto, o objetivo deste trabalho é analisar a produção acadêmica sobre o Seis Sigma no Brasil, por meio de uma revisão bibliométrica da literatura realizada nas bases de dados ISI Web of Knowledge e Scopus. À pesquisa gerou uma amostra composta por 46 artigos científicos sobre o tema. Os resultados foram apresentados com a identificação dos principais trabalhos, periódicos, palavras-chave, autores, setores industriais e metodologias utilizadas. Desta forma, a pesquisa colabora com os estudos e compreensão da abordagem Seis Sigma e sua aplicação no Brasil.
Palavras Chave: Seis Sigma, Melhoria Contínua, Bibliometria, Brasil
1. Introdução
Nas últimas décadas, diversos programas surgiram buscando maior produtividade e melhoria da qualidade, no entanto, poucos promovem um alinhamento total com as estratégias das organizações. O programa Seis Sigma surgiu com o objetivo de maximizar a qualidade dos processos, serviços e produtos de uma organização por meio de técnicas estatísticas e análises quantitativas para tomada de decisão.
O Six Sigma surgiu na Motorola, em meados dos anos 1980, criado a partir de conceitos e métodos propostos por Bill Smith. Utilizando ferramentas conhecidas de qualidade e novos conceitos de gestão, o objetivo do programa era fabricar produtos de qualidade superior a preços menores que seus concorrentes. Com o Six Sigma, a Motorola tornou-se conhecida como líder de qualidade e de lucros (PYZDEK; KELLER, 2010).
Desde então a filosofia Seis Sigma vem se consolidando como uma abrangente abordagem que possibilita às empresas, por meio de implantação de estratégias, promoverem melhorias de seus desempenhos e aumentar seus potenciais competitivos.
No Brasil, o Seis Sigma foi disseminado a partir de 1997, quando o Grupo Brasmotor introduziu o programa em suas atividades (WERKEMA, 2012). Considerando que a utilização do Seis Sigma no Brasil é relativamente recente, identificar os principais estudiosos e a produção acadêmica de maior relevância pode contribuir para assimilação da pratica da implantação do programa, identificando tendências, problemas e soluções dentro desse campo.
Referente a essa cenário, será o objetivo desse trabalho analisar a produção científica sobre Seis Sigma no Brasil dos últimos dez anos (2005-2015). A metodologia utilizada é a revisão da literatura, tendo como base a revisão bibliométrica.
Inicialmente, o trabalho apresenta um referencial teórico sobre a abordagem Seis Sigma, seus principais conceitos e métodos. Posteriormente, é estabelecida a metodologia utilizada para a pesquisa e, em sequência, é apresentada a análise dos resultados, bem como as conclusões do estudo.
2. Referencial teórico 2.1. Seis Sigma
Seis Sigma é uma filosofia de qualidade com base em objetivos de curto prazo com empenho para atingir metas em longo prazo, por meio da medição e foco no cliente para orientar projetos de melhoria contínua em todos os níveis da organização (PEPPER; SPEDDING, 2010).
As metas de longo prazo estabelecidas são desenvolvidas e implantadas nos processos industriais com o intuito de torná-los mais robustos, buscando um nível de desempenho com uma taxa de 3,4 defeitos por milhão de oportunidades (MERCADO, 2014).
Para Caulcutt (2001), a filosofia Seis Sigma é uma estratégia de mudanças utilizadas pela gerência em qualquer setor para entender e reduzir a variabilidade dos processos produtivos e qualificar a interação de estratégias de negócios distintas, além de focar a melhoria dos resultados do planejamento estratégico das organizações. Desta forma, a implantação do programa nas organizações visa, de maneira estruturada, incrementar a qualidade por meio da melhoria contínua dos processos envolvidos na produção de um bem ou de um serviço, levando em consideração todos os aspectos importantes de um negócio (PFEIFER et al., 2004).
Ão iniciar um programa de qualidade dentro da organização, fatores críticos de sucesso (FCS) devem ser considerados para que se atinja a excelência operacional e os desafios inerentes da adoção de uma nova abordagem sejam superados. Julien e Holmshaw (2012) e Wang e Chen (2014) identificam como principais FCS para implantação bem sucedida de projetos Seis Sigma o envolvimento da alta direção desde a fase de concepção dos processos de gestão até o acompanhamento individual dos projetos a um nível operacional. Para isso, um plano de comunicação é importante para acompanhar e mostrar aos funcionários como a metodologia é desenvolvida, como ela está relacionada às suas atividades e quais as vantagens adquiridas.
O programa Seis Sigma utiliza uma série de métodos estatísticos comprovados e treinamentos dos lideres técnicos, também conhecido como beits, para que estes tenham um elevado nível de conhecimento da aplicação destas técnicas e conduzam a
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liderança na implantação e utilização da filosofia.
2.2. Processos de treinamento
O programa Seis Sigma apresenta um diferencial com relação à formação das equipes, que são mais aptas no desenvolvimento do desempenho
organizacional a partir dos resultados da implementação de projetos direcionados estrategicamente (CORONADO; ANTONY, 2002).
Nesta metodologia, os treinamentos dos especialistas são divididos por área e grau de conhecimento. A Figura 1 apresenta a hierarquia dos profissionais do Seis Sigma.
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Figura 1 — Hierarquia dos especialistas do Seis Sigma Fonte: Adaptado de GYGl e WILLIAMS, 2012
A ideia principal e as características de cada
profissional estão relacionadas a seguir: a) Sponsor — responsável por promover e definir as diretrizes para a implementação do Seis Sigma, garantindo que estejam alinhadas com o planejamento estratégico da empresa; b) Champion — pessoas com um nível elevado de conhecimento, comprometidas com a empresa, que conhecem e compreendem todo o funcionamento da organização. c) Master Black Belts — profissionais com o maior conhecimento técnico e organizacional que lideram o programa. à) Black Belts — profissionais que lideram as equipes na condução dos projetos e possuem conhecimentos em ferramentas técnicas, matemáticas e estatísticas. Possuem um perfil de liderança, iniciativa e aptidão para trabalho em equipe; e) Green Belts — profissionais que participam das equipes dos especialistas Black Belts, envolvidos desde o início até o fim do processo e são aptos a formar e facilitar equipes nos setores; 1) White/Yellow Belts — profissionais que atuam no nível operacional da empresa, são treinados nos fundamentos do Seis Sigma e auxiliam na disseminação das
informações sobre ferramenta e processos.
De acordo com Werkema (2012), o sucesso de programas de qualidade como o Seis Sigma está sujeito a existência de pessoas com o perfil adequado e que serão transformados em especialistas no método e nas ferramentas do Seis Sigma.
Para concretizar o programa Seis Sigma nas organizações, além de especialistas treinados é necessária a adoção de uma metodologia consistente, que auxilie na implantação do programa e nos processos de melhoria contínua.
2.3. Metodologias Gerenciais
A aplicação de uma metodologia sistematizada para o programa Seis Sigma, confirma o valor do método científico como uma forma eficiente de eliminar a causa raiz dos problemas de modo a garantir a obtenção de resultados concretos.
Para a implantação do Seis Sigma, o enfoque metodológico trata da utilização de métodos estatísticos aplicados numa sequência metodológica estruturada de acordo com metodologias auxiliares (CORONADO, 2008). As metodologias mais comumente utilizadas
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na solução de problemas gerenciais são DMAIC, DFSS, DMADYV e DMEDI.
a) DMAIC — composto por cinco etapas, a
saber, Definir (Define), Medir (Measure), Analisar (Analyze), Melhorar (improve) e Controlar (Contro), consiste em uma
ferramenta gerencial utilizada para melhor processos de negócios existentes. Nesta metodologia, são definidos os objetivos de melhoria do processo de acordo com as estratégias da empresa e a demanda dos clientes. Os processos são então mapeados e medidos de acordo com os dados coletados no processo. Os dados coletados são submetidos a uma verificação com o intuito de realizar uma comparação com as metas objetivadas. Melhorias e controles nos processos são realizados para garantir melhor desempenho das organizações;
b) DFSS — é uma metodologia que visa manter a qualidade em projetos de novos produtos, o modelo pode ser aplicado em processos produtivos ou na execução de serviços que precisam ser elaborados de tal
forma que já iniciem suas atividades apresentando um nível Seis Sigma de desempenho. O Design for Six Sigma
(Projetando para Seis Sigma) traz ferramentas que podem reduzir custos e melhorar a qualidade, mas a principal finalidade é agregar valor ao produto por meio de inovações e da busca do atendimento das reais necessidades dos clientes;
c) DMADV — essa metodologia auxilia na análise de solução de problemas, aumenta a
Constituição da fundamentação teórica da pesquisa - revisão de literatura sobre a filosofia Seis Sigma (Seção 2).
Definição da amostra na base de dados (Seção 3.1).
eficiência com a melhoria da capacidade do projeto em transformar informações em conhecimento. Das siglas Definir (Define), Meir (Measure), Analisar (Analyze), Desenhar (Design) e Verificar (Verify), busca definir os objetivos de melhoria dos processos consistentes com a demanda do cliente e o planejamento estratégico das organizações, fazendo a medição da qualidade do produto e da eficiência do processo produtivo e avaliando riscos;
d) DMEDI! -— metodologia utilizada para aplicação em processos que não são pré- existentes, na criação dos processos. A DMEDI, Definir (Define), Medir (Measure), Explorar (Explore), Desenvolver (Develop) e Implementar (/mplement) é voltada para o desenvolvimento e implantação de novos projetos.
Vale ressaltar que para alcançar os objetivos almejados, é necessário o comprometimento da gerência com a metodologia escolhida e a existência de um ambiente adequado para a resolução de problemas, bem como para o desenvolvimento de produtos, serviços ou processos.
3. Metodologia
Para a realização desse trabalho foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema e um estudo bibliométrico para caracterizar a pesquisa. As etapas do desenvolvimento da pesquisa estão demonstradas na Figura 2.
Análise dos resultados encontrados (Seção
Organização e tratamento dos dados coletados (Seção 3.2).
Figura 2 — Processo de pesquisa utilizado Fonte: Elaborado pelos autores
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3.1. Definição da amostra
A amostra de artigos sobre Seis Sigma no Brasil foi definida a partir da escolha da base
Pesquisa na base ISI Web 5 of Knowledge e Scopus
O Termo de busca:
resultados
Artigos
"Six Sigma
Tipo de documentos:
de dados, da identificação das palavras- chave e da determinação do tipo de documentos publicados, de acordo com a Figura 3.
Filtro: Leitura do Resumo Repetições
resultados
Figura 3 — Processo de definição da amostra Fonte: Elaborado pelos autores.
Quanto à definição da base de dados, a ISI Web of Knowledge (Web of Science) e a Scopus foram selecionadas por oferecerem acesso aos periódicos com alto fator de impacto, além de proporcionar informações relevantes para um estudo sistemático. O tratamento dos dados na base Web of Science seguiu-se utilizando a expressão- chave “Six Sigma” no título e selecionando-se o Brasil como país de origem, de acordo com o tema proposto. Na base de dados Scopus, o termo de busca foi procurado no título, resumo e palavras-chaves das publicações. Conforme pesquisa anterior selecionou-se o Brasil como fonte dos trabalhos.
O período de publicação adotado envolve os últimos dez anos (2005 - 2015). Quanto à determinação do tipo de publicação, foram considerados apenas os artigos, uma vez que artigos acadêmicos geralmente antecedem os livros e são consideradas importantes fontes de pesquisa.
A composição da amostra inicial resultou em 68 trabalhos. No entanto, as publicações foram analisadas quanto ao conteúdo do
2005
2006 2007 2008 2009
2010
artigo e repetição entre as duas bases de dados utilizadas. Dessa forma, a amostra utilizada no estudo foi finalizada com 46
artigos. 3.2. Organização dos dados coletados
Para a organização, leitura e ilustração dos resultados da amostra utilizou-se o software Microsoft ExcelB. A verificação do número de citações em cada trabalho foi realizada pelo Google AcadêmicoB.
4. Análise dos resultados
O primeiro objetivo da análise lpuscou identificar a evolução dos trabalhos publicados, de acordo com o seu ano de publicação, com o intuito de acompanhar o desenvolvimento do tema ao longo de um período de tempo de dez anos.
2011 2012 2013 2014 2015
Figura 4 — Evolução dos periódicos no período pesquisado (2005 — 2015) Fonte: Elaborado pelos autores
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Na Figura 4 é possível observar um número crescente de publicações, que apresenta uma variação de dois a dez artigos por ano. Percebe-se também que o período que compreende 2014 e 2015 houve uma maior concentração de publicações, isto indica um maior interesse para investigação do tema.
A segunda análise realizada refere-se à quantidade de publicações por periódico. Os principais periódicos e o número de publicações de artigos científicos por periódico da amostra estão apresentados no Quadro 1.
Quadro 1 — Principais periódicos e volume de publicação
Periódico ao
publicações Production 9 Gestão & Produção 7 Espacios 6 Benchmarking: An International Journal 3 International Journal of Lean Six Sigma 3 International Journal of Quality & Reliability Management 2
Fonte: Elaborado pelos autores
Com relação à distribuição da amostra por periódicos, o Production apresenta o maior número de trabalhos publicados no tema, totalizando 9 publicações. Em seguida, está o periódico Gestão & Produção com 7 trabalhos. O periódico Espacios contém 6 publicações. Esses três periódicos são
responsáveis por 51% da amostra. Os demais periódicos apresentaram entre 1 e 3 publicações.
Na sequência, foram rangqueados os autores entre os trabalhos selecionados que apresentam o maior número de citações, conforme Quadro 2.
Quadro 2 — Número de citações por autor
Nº de
Autor citações Ano PINTO, S. H. B.; CARVALHO, M. M. de; HO, L.L. 39 2007 CALIA, R. C.; GUERRINI, F. M.; CASTRO, M. de 38 2009 MIGUEL, P. A. C.; ANDRIETTA, J. M. A. 24 2009 DROHOMERETSKI, E. et al. 22 2014 BERLITZ, F. de A. 21 2005 KUWABARA, C. C. T.; ÉVORA, Y. D. M.; OLIVEIRA, M. M. B. de 15 2010 PACHECO, D.A. de J. 9 2014 MIGUEL, P.A. C.etal. 9 2012 MIGUEL, P. A. C.; ANDRIETTA, J. M. 8 2010 CAMPOS, L. M.S. 6 2013 CALIA, R.; GUERRINI, F. M. 6 2005
Fonte: Elaborado pelos autores
As autoras mais citadas na amostra, com um total de 39 citações, identificaram os fatores que mais influenciam nos programas de
qualidade adotados por empresas brasileiras. A pesquisa indica que o método Seis Sigma é
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empregado pelas organizações com mais tradição no mercado.
Com 38 citações, Calia, Guerrini e Castro (2009) desenvolveram um artigo abordando a interação da metodologia Seis Sigma com o programa de prevenção de poluição de uma empresa multinacional, evidenciando as vantagens da implementação Seis Sigma na capacidade organizacional para (o) gerenciamento de projetos e a melhoria obtida com a aplicação do programa.
Miguel e Andrietta (2009) realizaram um survey com 78 organizações brasileiras a fim de discutir as melhoras práticas na utilização do Seis Sigma, enquanto Drohomeretski et al., (2014) propõem um modelo teórico para
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analisar e comparar as abordagens Lean, Six Sigma e Lean Six Sigma.
O artigo de Berlitz (2005) com 21 citações, abordam que a utilização da métrica sigma como índice de performance dos processos técnicos em um laboratório clínico proporciona uma padronização do sistema de controle de qualidade, alinhando qualidade e metas de custos, com foco no cliente e no desempenho da organização.
As palavras-chave mais presentes nas publicações podem sem observadas na figura 5. “Six Sigma”, “quality, “management, “Brazil, “DMAIC”, “control statistic” e “lean são as que mais se destacam na amostra.
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Figura 5 — Palavras-chave com maior predominância nas publicações Fonte: Elaborado pelos autores
Foram utilizados cinco tipos de metodologia nos trabalhos selecionados: estudo de caso, survey, estudo teórico, estudo experimental e pesquisa-ação. Na Figura 6, pode-se observar a predominância do estudo de caso
nos trabalhos (48,83%), seguido pela survey (32,55%) e a pesquisa-ação (9,3%). Por fim, os estudos teóricos e experimentais aparecem com 2 artigos cada.
m Estudo de caso
m Survey
m Pesquisa-ação
m Estudo experimental
m Estudo teórico
Figura 6 — Metodologias dos trabalhos Fonte: Elaborado pelos autores
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Em relação ao setor industrial analisado pelos artigos da amostra, verifica-se que a predominância da indústria química e automotiva, conforme figura 7. Os setores
ambiental e da saúde também têm sua participação em destaque.
m Química
m Automotiva m Ambiental E Saúde
= Alimentos
m Construção
= Motores
= Software
Figura 7 — Setores industriais analisados nas publicações Fonte: Elaborado pelos autores
Com relação às metodologias gerenciais utilizadas na implantação do programa Seis Sigma, o estudo revela que o método DMAIC é o mais utilizado nas organizações do Brasil (MAZZUCHETTI et al., 2010), (GONÇALVES; MUSETTI, 2008), (GALVANI; CARPINETTI, 2013), (HORS et al, 2012), (CALIA; GUERRINI, 2006).
Satolo et al., (2009) e ressaltam a importância da utilização de técnicas e ferramentas junto ao processo de melhoria contínua do DMAIC, para a obtenção de resultados de sucesso na implantação do programa Seis Sigma.
O trabalho do tipo survey de Andrietta e Miguel (2007) aponta que o método DMAIC é o mais comumente utilizado na aplicação do Seis Sigma, mas que outras metodologias gerenciais também são utilizadas nas empresas brasileiras, entre elas DFSS, DMADV e DMEDI. O levantamento feito pelos autores apontou que as ferramentas mais utilizadas nos projetos Seis Sigma são a análise de causa e efeito, cartas de controle, diagrama de pareto, mapa de processo, planejamento de experimentos, FMEA, índices de capacidade, QFD, análise de regressão e teste de hipóteses.
O estudo realizado por Trad e Maximiano (2009) elencou os oito fatores que foram considerados críticos para o sucesso na implantação do Seis Sigma. Os resultados da análise realizada pelos autores sugerem a seguinte ordem: liderança, projetos, treinamento, comunicação e revisão,
processo gerencial, perfil dos Black Belts, equipe de projetos e iniciativas prévias de qualidade.
No entanto, a comunicação deficiente pode causar problemas na implantação e manutenção do programa Seis Sigma. A falta de clareza e profundidade nas fases iniciais pode impedir que todas as pessoas envolvidas nas atividades dos processos conheçam o fluxo de trabalho e prejudique o desenvolvimento da implementação. Os treinamentos também podem se tornar uma barreira, se não forem aplicados em toda a organização, uma vez que todos devem conhecer e compreender os fundamentos e linguagens do Seis Sigma.
O trabalho de Mergulhão e Martins (2008) apresenta um survey realizado com os profissionais belis em cinco empresas atuantes em áreas distintas e diferentes ambientes de produção, com o programa Seis Sigma | implementado. Os | resultados apontaram que os sistemas de medição exercem influência primeiro dentro de uma organização, enquanto os projetos Seis Sigma atuam externamente após o uso do projeto nos sistemas, levando a modificações nos sistemas de medição de desempenho das empresas.
Os trabalhos analisados revelam que o programa Seis Sigma quando implantado com comprometimento e com o auxilio de metodologias sistematizadas, ocasiona
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melhorias na qualidade dos processos e dos serviços e no desempenho das organizações.
5. Conclusão
A produção científica que envolve o estudo sobre Seis Sigma no Brasil, objetivo desse trabalho, foi identificada e apresentada na análise dos resultados.
Os trabalhos analisados mencionam a importância das metodologias gerenciais para obter sucesso na implantação do programa Seis Sigma. Os estudiosos ressaltam também a importância do uso das técnicas e ferramentas junto às metodologias sistematizadas, para a obtenção de melhorias na implantação do programa nas empresas.
A pesquisa evidencia também que o método DMAIC, que visa a melhoria da qualidade dos processos existentes, é o mais utilizado nas empresas brasileiras. Além disso, para que esta metodologia seja posta em prática adequadamente, é preciso ter pessoas preparadas técnica e gerencialmente para a
coordenação dos projetos na implantação do programa nas organizações e a comunicação dentro do ambiente das empresas deve fluir para que todos entendam com clareza o fluxo dos processos, e esse fator não se torne uma barreira no desenvolvimento da implementação.
É valido ressaltar que a pesquisa realizada é importante para a compreensão e a propagação do conhecimento disponível, para o desenvolvimento de novas práticas e para direcionar àqueles que aspiram inserir a metodologia Seis Sigma em seus processos.
É importante considerar que a pesquisa e definição da amostra limita-se aos trabalhos publicados nas bases de dados da ISI Web of Knowledge e da Scopus. Embora ambas contenham em suas plataformas periódicos importantes e com alto fator de impacto, muitas obras referentes ao tema não se encontram em suas bases. Assim, reconhece- se uma oportunidade de pesquisas futuras que considere outros trabalhos relevantes na área.
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[28] -SATOLO, Eduardo Guilherme et al. Analysis on the usage of techniques and tools from the Six- Sigma program on a survey-type assessment. Production, v. 19, n. 2, p. 400-416, 2009
[29] TRAD, Samir; MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Six sigma: critical success factors for its implementation. Revista de Administração Contemporânea, v. 13, n. 4, p. 647-662, 2009.
[30] WANG, Fu-Kwum; CHEN, Kao-Shan. Evaluating Management Consultants for Six Sigma Projects. Arab J Sci Eng, v. 39, p. 2371-2379, 2014. [31] - WERKEMA, Cristina. Criando a Cultura Lean Seis Sigma. Elsevier Brasil, 2012.
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CAPÍTULO 2
IDENTIFICAÇÃO DE VARIÁVEIS CRÍTICAS CIIZ DAS EM IRC SOS DESTIEGRO DE
PROJETOS SEIS SEMA UMA PESQUISA SURVEM
Cristiano Roos Simone Sartori
Edson Pacheco Paladini
Resumo: O problema de pesquisa ascendente deste trabalho foi identificado na literatura qualificada, em específico, a necessidade por um processo de seleção de projetos Seis Sigma. Buscando contribuir nesta linha de pesquisa, o objetivo deste trabaalho é identificar variáveis críticas utilizadas no processo de seleção de projetos Seis Sigma, considerando para isto, uma amostragem de organizações brasileiras. Os procedimentos metodológicos utilizados foram a pesquisa exploratória com abordagem quantitativa, tendo sido desenvolvida uma pesquisa do tipo levantamento survey. Um total de 48 organizações brasileiras retornou o questionário utilizado na pesquisa survey. Como resultado principal foi possível identificar que para 98% das organizaçõesconsideradas, os custos do projeto, a duração do projeto, a melhoria no nível sigma (melhoria na qualidade) são as variáveis críticas (mais utilizadas) no processo de seleção de projetos Seis Sigma nas respectivas organizações. Como sugestão para futuro trabalho expôs-se a oportunidade de desenvolver um processo de seleção de projetos Seis Sigma que considere prioritariamente as variáveis identificadas nesta amostragem de organizações brasileiras. De todo modo, pode-se concluir que este trabalho cumpriu seus objetivos propostos, identificando variáveis críticas para a seleção de projetos Seis Sigma.
Palavras Chave: Metodologia Seis Sigma, seleção de projeto Seis Sigma, variáveis críticas
1. Introdução
No contexto da Metodologia Seis Sigma, o objetivo deste trabalho de pesquisa é identificar variáveis críticas utilizadas no processo de seleção de projetos Seis Sigma, considerando para isto, uma amostragem de organizações brasileiras. Como objetivos complementares, cabe descrever: (i) verificar possíveis relações estatísticas significativas entre as variáveis críticas identificadas e as demais questões investigadas, e; (ii) propor possíveis melhorias relacionadas ao processo de seleção de projetos Seis Sigma, considerando as variáveis críticas identificadas.
Este trabalho pode ser de interesse para os pesquisadores das linhas de pesquisas relacionadas à Metodologia Seis Sigma, bem como, para os profissionais envolvidos com aplicações práticas da metodologia no dia-a- dia das organizações e respectivos sistemas de produção. De fato, as contribuições deste trabalho são metodologicamente classificadas como exploratórias, mostrando um cenário atual sobre seleção de projetos Seis Sigma.
A segunda seção deste texto apresenta o método de pesquisa. A terceira seção traz uma revisão teórica sobre processos de seleção de projetos Seis Sigma e sobre variáveis utilizadas em processos de seleção, sendo apresentada a oportunidade de pesquisa que motivou este trabalho. A quarta seção traz informações sobre o protocolo e o instrumento de coleta de dados que subsidiaram a obtenção dos resultados deste trabalho, apresentados na quinta seção e, posteriormente, analisados na sexta seção. Por último, a sétima seção conclui este trabalho a partir dos resultados obtidos.
2. Método de pesquisa
O método de pesquisa adotado propõe um direcionamento para a obtenção de resultados que satisfaçam os objetivos deste trabalho. Seguindo a tipologia apresentada em Gil (2002), esta pesquisa, com base nos objetivos, é classificada em pesquisa exploratória e, com base nos procedimentos técnicos, é classificada em pesquisa do tipo levantamento ou survey. A pesquisa survey foi conduzida utilizando-se orientações contidas no trabalho de Forza (2002). A abordagem de pesquisa, que orientou o processo de investigação e que estabeleceu formas de aproximação aos objetivos, é a abordagem
quantitativa. As informações metodológicas complementares estão apresentadas na quarta seção deste texto, informações como, por exemplo, amostragem, protocolo e instrumento de coleta de dados.
3. Subsídios teóricos
A Metodologia Seis Sigma tem sido utilizada por mais de uma década (KUMAR et al, 2008) por organizações de classe mundial como General Electric, Motorola, Honeywell, Bombardier, ABB e Sony, para citar apenas algumas de uma longa lista (ANTONY, 2006), resultando em milhões de dólares de lucro (HILTON e SOHAL, 2012). Na maioria dos casos, uma organização utiliza a estratégia Seis Sigma para alcançar benefícios na lucratividade ou na satisfação do cliente (RAY, DAS, BHATTACHARYA, 2011). De fato, a Metodologia Seis Sigma é uma estratégia de negócio bem conhecida, utilizada para a melhoria da qualidade por meio de um conjunto de métodos estruturados e medidas estatísticas para avaliar e melhorar as operações produtivas das organizações (ANTONY et al., 2012).
A Metodologia Seis Sigma se tornou conhecida em muitos países devido à sua capacidade em melhorar o desempenho de um processo, reduzir defeitos em produtos e serviços, minimizar a variabilidade em processos, bem como os custos operacionais (KUMAR, ANTONY e CHO, 2009). Esta estratégia resulta em maior satisfação dos clientes e afeta diretamente a lucratividade e a sobrevivência das organizações (SNEE, 2004; ANTONY, KUMAR e MADU, 2005; ANTONY, 2007).
Naturalmente, ao longo destes anos, algumas oportunidades de pesquisa surgiram relacionadas à Metodologia Seis Sigma, motivando o desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao tema, como é o caso deste trabalho. Assim, relacionada ao objetivo de pesquisa, esta seção apresenta resumidamente subsídios teóricos sobre variáveis críticas utilizadas em processos de seleção de projetos Seis Sigma. No entanto, este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa maior e mais abrangente, no qual o foco de investigação são os processos de seleção de projetos Seis Sigma, sendo necessária inicialmente aqui, a apresentação de subsídios teóricos sobre o respectivo tema.
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3.1. Processos de seleção de projetos Seis Sigma
Na literatura qualificada defende-se, há quase uma década, que o fator chave para o sucesso da Metodologia Seis Sigma é a seleção de projetos (MANVILLE et al., 2012; SHARMA e CHETIYA, 2010; LAUREANI, ANTONY e DOUGLAS, 2010; TKÁC e LYÓCSA, 2009; KUMAR et al, 2007; BANUELAS et al., 2006). Seleção de projetos é o processo de avaliação de projetos individuais, ou propostos por grupos de pessoas, escolhendo-se qual, ou quais projetos serão implementados para que os objetivos da organização e, em particular, do processo | produtivo | envolvido, sejam alcançados (PADHY e SAHU, 2011).
Em uma citação recente (PADHY e SAHU, 2011), os autores argumentam que a seleção e a priorização de projetos que serão desenvolvidos no âmbito da Metodologia Seis Sigma em muitas organizações ainda são baseadas em puro julgamento subjetivo. Em outra citação (KUMAR et al., 2008), os autores argumentam que há uma escassez de literatura sobre seleção de projetos Seis Sigma, um tema que passa despercebido na maioria das organizações. Em uma terceira citação nesta linha (ANTONY, 2006), o autor manifesta-se argumentando que a priorização de projetos Seis Sigma em muitas empresas orientadas a serviços ainda é baseada em julgamento subjetivo.
A seleção do projeto mais adequado para a estratégia Seis Sigma é uma preocupação para o sucesso em curto e em longo prazo dentro de qualquer organização (RAY e DAS, 2010). Neste sentido, a literatura apresenta alguns modelos e métodos para a seleção de projetos Seis Sigma. Por exemplo, em Banuelas et al. (2006), são listados: 1. Pareto prionty index (PPI), analytic hierarchy process (AHP), quality function deployment (QFD), theory of constraints (TOC) (PYZDEK, 2000; PYZDEK, 2008); 2. project assessment matrix (BREYFOGLE, CUPELLO e MEADWS, 2001); 3. QFD (PANDE, NEUMAN e CAVANAGH, 2000); 4. project selection matrix (KELLY, 2002); 5. project ranking matrix (ADAMS, GUPTA e WILSON, 2003); 6. reviewing data on potential projects against specífic criteria (DE FEO e BARNARD, 2004); 7. AHP (DINESH KUMAR et al., 2006).
Assim, está caracterizado o papel crítico do processo de seleção de projetos Seis Sigma, sendo neste sentido a proposta deste trabalho de pesquisa, que busca identificar variáveis que podem contribuir no aprimoramento de processos de seleção de projetos Seis Sigma.
3.2. Variáveis críticas utilizadas em processos de seleção de projetos Seis Sigma
Na literatura consultada foi possível verificar alguns resultados de pesquisas que apontam uma série de variáveis críticas a ser considerado em processos de seleção de projetos Seis Sigma. Cabe ressaltar como variáveis críticas: custos do projeto, duração do projeto, número de Black e Green Belts, satisfação do consumidor, impacto na estratégia organizacional, melhoria no nível sigma (nível de qualidade), impacto financeiro (cost of poor quality - COPQ), crescimento da produtividade (KUMAR et al., 2007), sendo a maioria dos critérios probabilísticos por natureza.
Para Ray e Das (2010) algumas variáveis críticas de maior interesse podem ser relacionadas aos custos, por exemplo: custo da má qualidade (cost of poor quality — COPQ), custo de inventário, custo de produção, custo de transporte, custo de manutenção, custo de serviço, custo de marketing.
Outro trabalho relevante neste sentido foi desenvolvido por Sharma e Chetiya (2010), que baseados em uma revisão da literatura sobre critérios utilizados na seleção de projetos Seis Sigma, os autores identificaram 17 variáveis que poderiam ter um impacto positivo sobre o projeto. Uma vez que o retorno financeiro de projetos Seis Sigma determina o sucesso ou o fracasso do Seis Sigma em uma organização, algumas variáveis críticas foram identificadas para uma alta probabilidade de sucesso do projeto Seis Sigma.
No entanto, sabe-se que, tradicionalmente (ver referência tradicional: Pande, Neuman e Cavanagh (2000)), a seleção de projetos Seis Sigma precisa ser tratada como um processo relativo à natureza dos dados disponíveis para cada organização e para cada caso em questão (variáveis críticas para cada processo de seleção). Não se pode definir um modelo matemático, ou um método estruturado, aplicável a todos os processos
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de seleção de projeto Seis Sigma, justamente por este processo ser dependente das variáveis críticas disponíveis.
Com estes aspectos definidos, pode-se verificar a oportunidade de pesquisa que respalda este trabalho, isto é, identificação de variáveis críticas no processo de seleção de projetos Seis Sigma em organizações brasileiras.